segunda-feira, 22 de novembro de 2010

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Política é "Coisa Séria"

Estamos nos aproximando de mais uma eleição, muito se fala na responsabilidade que o eleitor tem na hora de escolher seus candidatos, não tarda e já é mencionado na mídia as qualificações que esse eleitor deve ter, como uma tentativa de "alertar" sobre a eleição anterior. Errado não está. Porém, percebo um certo engano em responsabilizar apenas o eleitor por toda a corrupção e jogo de poder que acontesse nos corredores da Política.
Presenciamos esta semana que passou um empate na votação no Supremo Tribunal Federal, que se amendrontou diante do "Ficha Limpa", de fato deve ser difícil estabelecer critérios para que políticos corruptos possam continuar e se candidatar. Mais uma vez, fica a indignação, e, a responsabilidade de fazer um bom uso do poder que é dado ao plebicido do dia 03/10. Sejamos coerentes com aquilo que acreditamos, e vamos fiscalizar por mais quatro anos. Valeu!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Dancem Macacos, Dancem

Uma visão diferente do sentido de humanidade.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Música Existencialista: O OUTRO

Adriana Calcanhotto

O Outro

Eu não sou eu,
Nem sou o outro
Sou qualquer coisa de intermédio
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro

http://www.vagalume.com.br/adriana-calcanhoto/o-outro.html#ixzz0zelLz4F9

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

AS 10 ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA

CHOMSKY
E AS 10 ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA

O lingüista estadunidense Noam Chomsky elaborou a
lista das 10 estratégias de manipulação através da mídia:

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste
em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças
decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou
inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A
estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de
interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia,
da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. Manter a atenção do público
distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem
importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo
para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas
silenciosas para guerras tranqüilas').

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Este método também é chamado problema-reação-solução. Cria-se um problema, uma
situação prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja
o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se
desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados
sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e
políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para
fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o
desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente,
a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições
socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as
décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade,
flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos
decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido
aplicadas de uma só vez. (aqui o autor mostra seu esquerdismo, mas, é uma opinião)

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo
dolorosa e necessária, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma
aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício
imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida,
porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que
tudo irá melhorar amanhà e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto
dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la
com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos,
personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à
debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente
mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a
adotar um tom infantilizante. Por quê? Se você se dirige a uma pessoa como se
ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade,
ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida
de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver
Armas silenciosas para guerras tranqüilas).

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na
análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a
utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente
para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou
induzir comportamentos.

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos
utilizados para seu controle e sua escravidão. A qualidade da educação dada às
classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma
que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes
sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes
inferiores (ver Armas silenciosas para guerras tranqüilas).

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.


9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por
causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus
esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo
se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos
seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!


10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado
crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e
utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à
psicologia aplicada, o sistema tem desfrutado de um conhecimento avançado do
ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem
conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si
mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle
maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si
mesmos.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Eu sei, mas não devia - Marina Colasanti

Indústria Cultural

Por Fernando Rebouças
O mundo vive num sistema econômico-político-cultural capitalista e o surgimento da sociedade capitalista transformou as manifestações culturais em produto. Este cenário desencadeou a formação da indústria cultural, que é o conjunto de empresas, instituições e redes de mídia que produzem, distribuem e transmitem conteúdo artístico – cultural com o objetivo de adquirir lucros.

A heterogeneidade da indústria cultural brasileira é percebida não somente no grau de diversidade cultural e territorial de nosso país, mas por focar conteúdos de culturas estrangeiras em detrimento de nosso conteúdo nacional. Quando ocorre em nossas mídias uma exposição de nossos valores e identidades, há o abarcamento de interesse comercial que interfere no que deve ser mostrado para adquirir audiência.

A produção da indústria cultural é direcionada para o retorno de lucros tendo como base padrões de imagem cultural pré – estabelecida e capazes de conquistar o interesse das massas sem trabalhar o caráter crítico do expectador. Para se manter e conquistar público , a produção cultural não objetiva somente a expressão artística , quando esta planejada sob pretensões profissionais.

A expressão tendencial elaborada com elementos artísticos é incluída num produto cultural como forma de diferenciação. A indústria cultural assim como toda indústria está atenta a custos, distribuição e retorno de lucros.

Um forte exemplo de indústria cultural é a televisão que apresenta pontos positivos em possuir ótima cobertura geográfica, penetração de público e variedade de conteúdo em vários horários, mas ao mesmo tempo apresenta conteúdos sensacionalistas e que escapam do consciente do expectador, cujo indivíduo possa vir a entrar em estado de alienação. Em outras mídias há o uso do termo “cult”, termo em inglês que significa obras com características específicas e com público direcionado e devoto.

A arte em geral , as manifestações histórico – culturais e a identidade de uma região servem como inspiração e conteúdo de obra e produto cultural.Em suma a indústria cultural busca produzir algo que conquiste público e relevância comercial e se ramifique em produtos licenciados.

O Que é Política?

Este é um tema bastante difícil e profundo para ser tratado com rapidez. Vivemos hoje em um momento em que a política é questionada, pois, ela é sistematicamente confundida com as ações dos políticos profissionais, principalmente, pelos maus políticos.

O que é política? é o título de um livro contendo a idéia de política da pensadora e filosofa alemã Hannah Arendt. Na verdade são fragmentos de sua obra publicados postumamente. Hannah Arendt é considerada uma das maiores pensadoras desde século e seu trabalho sobre as Origens do Totalitarismo é considerado uma obra clássica e definitiva sobre o assunto. Além disso, é uma das maiores autoridades em relação ao estudo da política na Grécia e Roma antiga. Por isso, recomendamos a leitura desta autora. Alertamos que Hannah Arendt não é uma leitura fácil, mas é imprescindível para entendermos melhor o assunto.

Vejamos, então, como ela discute a questão:

Para Hannah Arendt "O sentido da política é a liberdade". Segundo ela, a idéia de política e de coisa pública surge pela primeira vez na polis grega considerada o berço da democracia. O conceito de política que conhecemos nasceu na cidade grega de Atenas e está intimamente ligado à idéia de liberdade que para o grego era a própria razão de viver.

Utilizando o conceito grego de política é que Arendt nos diz que "A política baseia-se no fato da pluralidade dos homens", portanto, ela deve organizar e regular o convívio dos diferentes e não dos iguais. Para os antigos gregos não havia distinção entre política e liberdade e as duas estavam associadas à capacidade do homem de agir, de agir em público que era o local original do político. O homem moderno não consegue pensar desta maneira pelas desilusões em relação ao político profissional e a atuação desse no poder. Porém, Arendt, judia, que viveu os horrores da Segunda Guerra Mundial, acreditava na ação do homem e na sua capacidade de "fazer o improvável e o incalculável".

Vejamos o que diz Hannah Arendt: "A política, assim aprendemos, é algo como uma necessidade imperiosa para a vida humana e, na verdade, tanto para a vida do indivíduo maior para a sociedade. Como o homem não é autárquico, porém depende de outros em sua existência, precisa haver um provimento da vida relativo a todos, sem o qual não seria possível justamente o convívio. Tarefa e objetivo da política é a garantia da vida no sentido mais amplo" (grifo meu). Para ela, a tarefa da política esta diretamente relacionada com a grande aspiração do homem moderno: a busca da felicidade.

Não é fácil discutir a questão da política nos dias de hoje. Estamos carregados de desconfianças em relação aos homens do poder. Porém, o homem é um ser assencialmente político. Todas as nossa ações são políticas e motivadas por decisões ideológicas. Tudo que fazemos na vida tem conseqüências e somos responsáveis por nossa ações. A omissão, em qualquer aspecto da vida, significa deixar que os outros escolham por nós.

Nossa ação política está presente em todos os momentos da vida, seja nos aspecto privado ou público. Vivemos com a família, relacionamos com as pessoas no bairro, na escola, somos parte integrantes da cidade, pertencemos a um Estado e País, influímos em tudo o que acontece em nossa volta. Podemos jogar lixo nas ruas ou não, podemos participar da associação do nosso bairro ou fazer parte de uma pastoral ou trabalhar com voluntário em uma causa em que acreditamos. Podemos votar em um político corrupto ou votar num bom político, precisamos conhecer melhor propostas, discursos e ações dos políticos que nos representam.

Não podemos confundir que política é simplesmente o ato de votar. Estamos fazendo política como tomamos atitudes em nosso trabalho, quando estamos conversando em uma mesa de bar ou quando estamos bebendo uma cerveijinha após uma "pelada" de futebol. Estamos fazendo política quando exigimos nossos direitos de consumidor, quando nos indignamos ao vermos nossas crianças fora das escolas sendo massacradas nas ruas ou nas "Febens" da vida. Conhecemos o Estatuto da Criança e do Adolescente? ou o Código do Consumidor?, a nossa Constituição, nem pensar e grande demais. E que dizer das leis transito que estamos a todo momento desrespeitando?

A política está presente quotidianamente em nossa vidas: na luta das mulheres contra uma sociedade machista que discrimina e age com violência; na luta dos portadores de necessidade especiais para pertencerem de fato à sociedade; na luta dos negros discriminados pela nossa "cordialidade"; dos homossexuais igualmente discriminados e desrespeitados; dos índios massacrados e exterminados nos 500 anos de nossa história; dos jovens que chegam ao mercado de trabalho saturado com de milhões de desempregados; na luta de milhões de trabalhadores sem terra num país de latifúndios; enfim, na luta de todas as minorias por uma sociedade inclusiva que se somarmos constituem a maioria da população. Atitudes e omissões fazem parte de nossa ação política perante a vida. Somos responsáveis politicamente (no sentido grego da palavra) pela luta por justiça social e uma sociedade verdadeiramente democrática e para todos.

Sérgio Vaz Alkmim

Cultura Popular

Partindo de uma acepção de cultura no sentido mais amplo possível - ou seja, cultura não só como o produto ou construção cultural, mas também as relações e as diversas maneiras de pensar realidade – chegaremos a uma primeira conclusão inequívoca: toda cultura é , por definição, popular.
Expliquemos melhor. Popular, segundo o Aurélio, guarda cinco possíveis variantes, sem que , entretanto, nenhuma delas lhe esgote o conteúdo em definitivo. Vejamos:
Popular
1- Do, ou próprio do povo;
2- Feito para o povo
3- Agradável ao povo, que tem as simpatias dele;
4- Democrático;
5- Vulgar, trivial, ordinário, plebeu.
Infere-se que o adjetivo popular, quando adotado em parceria com o vocábulo cultura restringe, aparentemente, o teor desta, toldando-lhe a própria abordagem conceitual. Em outras palavras, podemos situar cultura popular apenas como uma cultura relacionada ao povo. A palavra povo , por sua vez, possui diversas implicações ideológicas. Pode-se compreender povo como nação e até mesmo ,como querem alguns, como sinônimo de plebe ou simplesmente multidão.
Ora, o mais usual, quando nos dirigimos à expressão cultura popular, é um olhar tencionando desprestigia-la, isto é, torná-la mais próxima de cultura proveniente das classes menos favorecidas ( não que estas sejam desmerecedoras, apenas não é o caso ).
Essa observação, porém, é uma das muitas falácias próprias ao terreno movediço de quem lida com arte no seu cotidiano. Separar uma cultura popular de uma lendária cultura de elite é seccionar algo naturalmente atomizado.

Não existe cultura impopular, ou pertencente a uma única casta ou estamento. Por mais que se equipare o termo popular ao seu viés plebeu ou vulgar, não subsiste cultura sem adesão de uma parcela significativa do meio social. Isto porque o próprio pensar é impregnado de fatores e substâncias histórico-sociais, as quais operam na formação cultural e implicam aceitação tácita de costumes e valores que permeiam as populações politicamente organizadas .
Há, em qualquer criação cultural, algo de subjacente que lhe delineia as formas e lhe estabelece “limites”.O ato de criação cultural, por conseguinte, não está livre de intercâmbios e trocas, pois não se isola o criador de influências externas. O todo se sobrepõe à parte.
Assim, a cultura pode tomar esta ou aquela direção , mas sempre deverá seu respaldo a uma fatia indefinida do todo social pois terá sempre origem nos “ andrajos ” sociológicos de um povo.
A cultura popular , em verdade, mistura-se com a própria noção inesgotável de identidade nacional.
O teatro, por exemplo, dentro da atual conjuntura brasileira, encontra-se cada vez menos acessível a maioria da população. Podemos dizer que trata-se de cultura menos popular por este motivo?
Não, se entendermos o povo como os entes nacionais e a cultura como algo diverso do seu veículo.
A cultura sempre privilegia a democracia, pode-se configurar uma nação a partir dos vínculos culturais que untam os diversos segmentos de sua pirâmide social. Os veículos, não obstante, podem ser mais ou menos populares, de acordo com a dimensão que atingem em relação ao meio populacional.
Um objeto de arte, em si mesmo, como produto cultural, tanto pode servir a esta ou aquela camada da população. Se exposto graciosamente, temos uma repercussão. Se em exposição num museu, posto que se cobre um ingresso, temos uma menor acessibilidade. Mudou o veículo, o intermediário. Porém, não se perde , na alteração de um veículo para um outro, a sua essência popular. Afinal, ocorreu a intenção de se exteriorizar uma idéia ou conteúdo ideológico, determinado por uma demanda difusa, independentemente do alcance.
Quando se pensa cultura, não se pensa em se formular algo inatingível pois do contrário não há veículo disponível. Os veículos, entendidos como os meios ou instrumentos adequados ao livre trânsito cultural, são nutridos a partir de um planejamento segmentado. Podem portanto, se dar ao luxo de serem mais ou menos populares, ou até elitizados.
A cultura, por seu turno, traduz sempre algo que conecta criador e criatura. Logo, um poeta escreve um verso assim como um legislador formula uma lei. No intuito de exteriorizar, verbalizar, desenhar traços culturais, cujo matiz ideológico pode se aproximar mais deste ou daquele segmento pensante do todo social. Sem nunca , entretanto, despojar-se completamente de vínculos viscerais de afinidade com o aglomerado populacional no qual ( ou para o qual ) é forjado. Apenas para frisar, em cultura, há sempre o braço do grupo social maior orientando as mãos do criador.
O principal veículo de um escritor, por exemplo, é a palavra. A linguagem portanto determina se aquele conteúdo vai ser mais ou menos difundido, mas uma vez concebido em determinado idioma, por um autor desta ou daquela nacionalidade, o texto se incorpora definitivamente ao patrimônio cultural daquele conjunto de cidadãos.
Logo, chegamos a duas conclusões basilares. Um estado para fomentar, de modo positivo, a sua veia artística popular, não há de se preocupar com a criação em si, mas primeiramente com os veículos através dos quais esta ou aquela manifestação é absorvida. Assim, a cultura gerada no seio deste ou daquele estamento deverá atingir os recantos mais impensáveis, culturalmente falando, desde que se abra atalhos e fendas por onde esta possa trilhar com segurança. Daí, a importância de estruturação e regulação de veículos, para que todos eles assumam a sua postura participativa e o seu comprometimento com a divulgação cultural abrangente.
Por outro lado, o pleonasmo cultura popular nos serve de anteparo no caminho de uma cultura mais resguardada de influências vis e de dominação. Auxilia-nos nas veredas sinuosas de um mosaico cultural inerte ou não engajado. E por fim, desperta a consciência dos artistas, políticos, líderes e formadores de opinião para aquilo que é o próprio sustentáculo de uma nação: a sua diversidade cultural.

Autor: Marcos André Carvalho Lins · Recife, PE 18/4/2007 ·

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Lista de livros da UFPR

Einstein e a crise da razão - Merleau-Ponty (http://filosofando-rejane.blogspot.com/2010/05/einstein-e-crise-da-razao-maurice.html)

O Discurso do Método - Descartes (http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_169.html)

A República - Platão (http://recantodasletras.uol.com.br/trabalhosacademicos/906077)

Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens - Rousseau (http://www.unicamp.br/~jmarques/cursos/rousseau2001/aso.htm)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Vídeo - Especial Nietzsche

Café Filosófico - Especial Nietzsche com participação da filósofa Viviane Mosé, realizado pela TV Cultura (exibido em 29/03/2009)


domingo, 13 de junho de 2010

O existencialismo é um humanismo - SARTRE

O existencialismo é um humanismo (trechos)
J.-P. Sartre
(O existencialismo é um Humanismo. Lisboa, Presença, s/d/, p. 241)

O existencialista, pelo contrário, pensa que é muito incomodativo que Deus não exista, porque desaparece com ele toda a possibilidade de achar valores num céu inteligível; não pode existir já o bem a priori, visto não haver já uma consciência infinita e perfeita para pensá-lo; não está escrito em parte alguma que o bem existe, que é preciso ser honesto, que não devemos mentir, já que precisamente estamos agora num plano em que há somente homens. Dostoievsky escreveu: "Se Deus não existisse, tudo seria permitido". Aí se situa o ponto de partida do existencialismo.
Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, fica o homem, por conseguinte, abandonado, já que não encontra em si, nem fora de si, uma possibilidade a que se apegue.
Antes de mais nada, não há desculpas para ele. Se, com efeito, a existência precede a essência, não será nunca possível referir uma explicação a uma natureza humana dada e imutável; por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade.
Se, por outro lado, Deus não existe, não encontramos diante de nós valores ou imposições que nos legitimem o comportamento. Assim não temos nem atrás de nós, nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores, justificações ou desculpas. Estamos sós e sem desculpas. É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si próprio; e, no entanto livre, porque uma vez lançado ao mundo é responsável por tudo quanto fizer. (...)
O existencialista não pensará também que o homem pode encontrar auxílio num sinal dado sobre a terra, e que o há de orientar; Porque pensa que o homem decifra ele mesmo esse sinal como lhe aprouver. Pensa, portanto que o homem, sem qualquer apoio e sem qualquer auxílio, está condenado a cada instante a inventar o homem. Disse Ponge num belo artigo: "O homem é o futuro do homem".
É perfeitamente exato. Somente se, se entende por isso que tal futuro está inscrito no céu, que Deus o vê, nesse caso é um erro, até porque nem isso seria um futuro. Mas se, se entender por isso que, seja qual for o homem, tem um futuro virgem que o espera, então essa frase está certa. Mas em tal caso o homem está desamparado.
O quietismo é a atitude das pessoas que dizem: os outros podem fazer aquilo eu não posso fazer. A doutrina que vos apresento é justamente a oposta ao quietismo visto que ela declara: só há realidade na ação; e vai aliás, mais longe, visto que acrescenta: o homem não é senão o seu projeto, só existe na medida em que se é portanto nada mais do que o conjunto dos seus atos, nada mais do que a sua vida.
De acordo com isto podemos compreender por que a nossa doutrina causa horror a um certo número de pessoas. Porque muitas vezes não têm senão uma única de suportar a sua miséria, isto é, pensar "as circunstâncias foram contra mim, eu muito mais do que aquilo que fui; é certo que não tive um grande amor, ou uma grande amizade, mas foi porque não encontrei um homem ou uma mulher que fossem dignos disso, não escrevi livros muito bons, mas foi porque não tive tempo livre para o fazer; não tive filhos a quem me dedicasse, mas foi porque não encontrei o homem com quem pudesse realizar a minha vida. Permaneceram, portanto, em mim e inteiramente viáveis, inúmeras disposições, inclinações, possibilidades que me dão um valor que da simples série dos meus atos se não pode deduzir".
Ora, na realidade, para o existencialista não há amor diferente daquele que se constrói; não há possibilidade de amor senão a que se manifesta no amor, não há gênio senão o que se exprime nas obras de arte; o gênio de Proust é a totalidade das obras de Proust; o gênio de Racine é a série das suas tragédias, e fora disso não há nada; por que atribuir a Racine a possibilidade de escrever uma nova tragédia, já que precisamente ele a não escreveu? Um homem embrenha-se na sua vida, desenha o seu retrato, e para lá desse retrato não há nada.
Que significa aqui o fato de a existência preceder a essência? Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo, e que só depois se define.
O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza, visto que não há Deus para a conceber.
O homem é, não só como ele se concebe, mas como ele quer ser; como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência, o homem não é mais do que o que ele faz de si mesmo. Tal é o primeiro princípio do existencialismo.
É também a isto que chamamos subjetividade e pelo que somos censurados sob o mesmo nome. Mas que queremos dizer com isso, senão que o homem tem uma dignidade maior do que uma pedra ou uma mesa? Pois o que nós queremos dizer é que o homem primeiro existe, ou seja, que o homem, antes de mais nada, se lança para um futuro, e que é consciente de se projetar no futuro.
O homem é, antes de mais nada, um projeto vivido subjetivamente, ao invés de ser um creme, qualquer coisa podre, ou uma couve-flor; nada existe anteriormente a este projeto; nada há no céu inteligível, e o homem será antes de tudo o que ele houver projetado ser. Não o que ele quiser ser. Pois o que vulgarmente entendemos por querer é uma decisão consciente que, para a maior parte de nós, é posterior ao que alguém fez de si mesmo. Posso querer aderir a um partido, escrever um livro, casar-me; tudo isso não é mais do que a manifestação duma escolha mais original, mais espontânea daquilo que se chama vontade.
Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo homem de posse do que ele é e atribuir-lhe a responsabilidade total por sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável por sua estrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens. Há dois sentidos para a palavra subjetivismo, e é com isso que jogam nossos adversários. Subjetivismo quer dizer, de um lado, escolha do sujeito individual por si próprio; e, por outro, impossibilidade do homem em superar a subjetividade humana. O segundo é que é o sentido profundo do existencialismo.
Quando dizemos que o homem se escolhe, queremos dizer que cada um de nós se escolhe; mas, com isso, também queremos dizer que, ao se escolher, ele escolhe todos os homens.
Com efeito, não existe um ato nosso que, ao criar o homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem como julgamos que deve ser.
Escolher ser isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que escolhemos, pois nunca podemos escolher o mal; o que escolhemos é sempre o bem e nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos.
Se a existência, por outro lado, precede a essência e se quisermos existir, ao mesmo tempo em que construímos a nossa imagem, esta imagem é válida para todos e para toda a nossa época. Assim, a nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve a humanidade.
http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/existencialismohumanismosartre.html

terça-feira, 18 de maio de 2010

Criança, a alma do negócio

Por que meu filho sempre me pede um brinquedo novo? Por que minha filha quer mais uma boneca se ela já tem uma caixa cheia de bonecas? Por que meu filho acha que precisa de mais um tênis? Por que eu comprei maquiagem para minha filha se ela só tem cinco anos? Por que meu filho sofre tanto se ele não tem o último modelo de um celular? Por que eu não consigo dizer não? Ele pede, eu compro e mesmo assim meu filho sempre quer mais. De onde vem este desejo constante de consumo?

Este documentário reflete sobre estas questões e mostra como no Brasil a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. A indústria descobriu que é mais fácil convencer uma criança do que um adulto, então, as crianças são bombardeadas por propagandas que estimulam o consumo e que falam diretamente com elas. O resultado disso é devastador: crianças que, aos cinco anos, já vão à escola totalmente maquiadas e deixaram de brincar de correr por causa de seus saltos altos; que sabem as marcas de todos os celulares mas não sabem o que é uma minhoca; que reconhecem as marcas de todos os salgadinhos mas não sabem os nomes de frutas e legumas. Num jogo desigual e desumano, os anunciantes ficam com o lucro enquanto as crianças arcam com o prejuízo de sua infância encurtada. Contundente, ousado e real este documentário escancara a perplexidade deste cenário, convidando você a refletir sobre seu papel dentro dele e sobre o futuro da infância.

Direção: Estela Renner
Produção Executiva: Marcos Nisti
Maria Farinha Produções

O Documentário esta disponível em:

http://www.megaupload.com/?d=TZFFU7PP

domingo, 18 de abril de 2010

Resumo: Manifesto do Partido Comunista K. Marx e F. Engels

O Manifesto Comunista fez a humanidade caminhar. Não em direção ao paraíso, mas na busca da solução de problemas como a miséria e a exploração do trabalho. Rumo à concretização do princípio, que diz todos os homens são iguais. E sublinhando a novidade que afirmava que os pobres, os pequenos, os explorados também podem ser sujeitos de suas vidas. Por isso é um documento histórico, testemunho da rebeldia dos seres humanos. Seu texto, racional, em diversas passagens é irônico, mal esconde essa origem comum com homens e mulheres de outros tempos: o fogo que acendeu a paixão da Liga dos Comunistas, reunida em Londres no ano de 1847, não foi diferente do que incendiou corações e mentes na luta contra a escravidão clássica, contra a servidão medieval, contra o obscurantismo religioso e contra todas as formas de opressão. A Liga dos Comunistas encomendou a Marx e a Engels a elaboração de um texto que tornasse claros os objetivos dela e sua maneira de ver o mundo. Portanto, o Manifesto Comunista é um conjunto afirmativo de idéias, de verdades, em que os revolucionários da época acreditavam, por conterem, segundo eles, elementos científicos um tanto economicistas para a compreensão das transformações sociais. O Manifesto tem uma estrutura simples: uma breve introdução, três capítulos e uma rápida conclusão. A introdução fala com um certo orgulho, do medo que o comunismo causa nos conservadores. O fantasma do comunismo assusta os poderosos e une, em uma aliança, todas as potências da época. É a velha satanização do adversário. Mas o texto mostra o lado positivo disso: o reconhecimento da força do comunismo. Se assusta tanto, é porque tem alguma presença. Daí a necessidade de expor o modo comunista de ver o mundo e explicar suas finalidades, tão deturpadas por aqueles que não o queriam. A parte I, denominada Burgueses e Proletários, faz um resumo da história da humanidade até os dias de então, quando duas classes sociais antagônicas dominam o cenário. A grande contribuição deste capítulo talvez seja a descrição das enormes transformações que a burguesia industrial provocava no mundo, representando na história um papel essencialmente revolucionário. Com a sabedoria de quem manejava com destreza instrumentos de análise socioeconômica muito originais na época, Marx e Engels relatam o fenômeno da globalização que a burguesia implementava, globalizando o comércio, a navegação, os meios de comunicação. O Manifesto fala de ontem mas parece dizer de hoje. O desenvolvimento capitalista libera forças produtivas nunca vistas, mais colossais e variadas que todas as gerações passadas em seu conjunto. O poderio do capital que submete o trabalho é anunciado e nos faz pensar no agora do revigoramento neoliberal: nos últimos 40 anos deste século XX, foram produzidos mais objetos do que em toda a produção econômica anterior, desde os primórdios da humanidade. A revolução tecnológica e científica a que assistimos, cujos ícones são os computadores e satélites e cujo poder hegemônico é a burguesia, não passa de continuação daquela descrita no Manifesto , que criou maravilhas maiores que as pirâmides do Egito, que os aquedutos romanos e as catedrais góticas; conduziu expedições maiores que as antigas migrações de povos e cruzadas. Um elogio ao dinamismo da burguesia? Impiedoso com os setores médios da sociedade, já minoritários nas formações sociais mais conhecidas da Europa, o Manifesto chega a ser cruel com os desempregados, os mendigos, os marginalizados, que podem ser arrastada por uma revolução proletária mas, por suas condições de vida, está predisposta a vender-se à reação. A relação relativa do papel dos comunistas junto ao proletariado é o aspecto mais interessante da parte II, intitulada Proletários e Comunistas. Depois de quase um século de dogmatismos, partidos únicos e de vanguarda, portadores de verdade inteira, é saudável ler que os comunistas não formam um partido à parte, oposto a outros partidos operários, e não têm interesses que os separemdo proletariado em geral. Embora, sem qualquer humildade, o Manifesto atribua aos comunistas mais decisão, avanço, lucidez e liderança do que às outras frações que buscam representar o proletariado, seus objetivos são tidos como comuns: a organização dos proletários para a conquista do poder político e a destruição da supremacia burguesa. O fantasma do comunismo assombrava a Europa e o livro procura contestar, nessa parte, todos os estigmas que as classes poderosas e influentes jogavam sobre ele. A resposta do Manifesto: Os comunistas querem acabar com toda a propriedade, inclusive a pessoal !. Marx e Engels responderam que queriam abolir a propriedade burguesa, capitalista. Para os socialistas, a apropriação pessoal dos frutos do trabalho e aqueles bens indispensáveis à vida humana eram intocáveis. Ao que se sabe, roupas, calçados, moradia não são geradores de lucros para quem os possui... O Manifesto a esse respeito, foi definitivo. O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de sua parte dos produtos sociais, tira apenas o poder de escravizar o trabalho de outrem por meio dessa apropriação. Na sociedade capitalista a educação é, ela própria, um comércio, uma atividade lucrativa... Os comunistas querem socializar as mulheres ! Para o burguês, sua mulher nada mais é que um instrumento de produção. Ouvindo dizer que os instrumento de produção serão postos em comum, ele conclui naturalmente que haverá comunidade de mulheres. O burguês não desconfia que se trata precisamente de dar à mulher outro papel que o de simples instrumento de produção.

O Homem de Prometeu

O nascimento do homem

"Céu e terra estavam criados. Entre as margens da terra, o mar debatia-se em ondas; dentro dele brincavam os peixes; os pássaros esvoaçavam, gorjeando; a terra estava repleta de animais. Mas não havia ainda nenhuma criatura onde o espírito pudesse alojar-se e de onde pudesse dominar o mundo terrestre. Prometeu: então chegou à terra. Descendia da antiga geração de deuses que tinha sido destronado por Zeus. Era filho de Jápeto, filho de Urano e da Terra, e sabia que, no seio da terra, dormia a semente dos céus. Por isso apanhou argila, molhou-a com a água de um rio, amassou-a e com ela formou uma imagem à semelhança dos deuses, senhores do mundo. Para dar vida ao boneco de argila, tomou emprestado às almas dos animais, características boas e más e colocou-as no peito do ser humano. Pediu a Atena (Deusa da Sabedoria) que lhe desse alma, esta admirada com a obra do filho dos Titãs insuflou naquela imagem semi-animada o espírito, o sopro divino.

Foi assim que surgiram os primeiros seres humanos, que logo povoaram a terra. Mas por muito tempo eles não souberam fazer uso de seus membros, nem da centelha divina que tinham recebido. Embora fossem capazes de enxergar, nada viam; ainda que escutassem, nada sabiam ouvir. Vagavam como vultos de sonhos, e não sabiam utilizar-se da criação. Não conheciam a arte de desenterrar pedras e cortá-las; de fazer tijolos de terra queimada; de fazer tábuas de madeira retirada das florestas, para construir casas. Rastejavam como formigas em cavernas, que a luz do sol não iluminava, sem saber se era inverno, primavera ou verão. Tudo faziam sem plano algum.

Prometeu, então, aproximou-se de suas criaturas. Ensinou-as a observar as estrelas que nascem e se põem; descobriu a arte de contar; descobriu a escrita; ensinou-as a subjugar os animais e a usá-los como ajudantes em seu trabalho; habituou os cavalos às rédeas e às carroças; inventou barcos e velas para a navegação. E ensinou a humanidade a enfrentar todas as circunstâncias da vida. Antes, não se conheciam medicamentos contra as doenças, nem pomadas para aliviar as dores, nem alimentos nutritivos. Por falta de remédios, os doentes morriam, miseravelmente. Por isso Prometeu ensinou aos homens a preparar remédios suaves para curar as doenças.

Ensinou-lhes depois a arte da profecia, interpretando para eles sinais e sonhos. Dirigiu-lhes a visão para as profundezas da terra, fazendo com que ali descobrisse o cobre e o ferro, o ouro e a prata. Ensinou-lhes também, todas as artes que tornavam a vida mais cômoda"

As Mais Belas Histórias da Antigüidade Clássica. Schwab, Gustav (1994).

sexta-feira, 2 de abril de 2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

Música - Alienação da banda Sohia Nua

Alienação

Sophia Nua

Todo homem pensa que é herdeiro de uma essência originária de algum padrão
Todo homem pensa que o que pensa vem das partes mais profundas do seu coração
Todo homem pensa que não sofre influência do que fala na sua opinião
Todo homem pensa que a estrela mais distante do universo está em suas mãos

Pura ilusão
Ele não sabe não
Que tudo isso
Faz parte de um processo
Natural e cultural de alienação

Todo homem pensa que o dinheiro compra tudo e que o planeta está em promoção
Todo homem pensa que as mulheres são garrafas de cerveja na televisão
Todo homem precisa ter um carro novo pra ser cidadão
Todo homem pensa que está indo para guerra pra lutar pela sua nação

Pura ilusão
Ele não sabe não
Que tudo isso
Faz parte de um processo
Natural e cultural de alienação

Todo homem pensa que a cor diferencia as pessoas em evolução
Todo homem pensa que ser macho é dar porrada e que a mulher aguenta traição
Todo homem pensa que o estudo é um fardo e o trabalho uma obrigação
Todo homem pensa em ser artista de novela ou jogador na nossa seleção

Pura ilusão
Ele não sabe não
Que tudo isso
Faz parte de um processo
Natural e cultural de alienação

Pura ilusão
Ele não sabe não
Que tudo isso
Faz parte de um processo
Natural e cultural de alienação

Alienação, alienação


Música - Classe Média de Max Gonzaga

Classe Média
Max Gonzaga
Composição: Max Gonzaga

Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio “coletivos”
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual
Mais eu “to nem ai”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no “jardins”
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
Porque eu não “to nem ai”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida


quinta-feira, 4 de março de 2010

O Príncipe - Maquiavel

Link para visualização do livro O Príncipe de Nicolau Maquiavel


http://books.google.com.br/books?id=nafPtYdhq50C&lpg=PP1&dq=o%20principe%20de%20maquiavel&client=firefox-a&pg=PP1#v=onepage&q=&f=false

Filme - O Germinal

O que é Filosofia?

O que é Filosofia?


A Filosofia é um ramo do conhecimento que pode ser caracterizado de três modos: seja pelos conteúdos ou temas tratados, seja pela função que exerce na cultura, seja pela forma como trata tais temas. Com relação aos conteúdos, contemporaneamente, a Filosofia trata de conceitos tais como bem, beleza, justiça, verdade. Mas, nem sempre a Filosofia tratou de temas selecionados, como os indicados acima. No começo, na Grécia, a Filosofia tratava de todos os temas, já que até o séc. XIX não havia uma separação entre ciência e filosofia. Assim, na Grécia, a Filosofia incorporava todo o saber. No entanto, a Filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a que passa a se dedicar, determinando uma mudança na forma de conhecimento do mundo até então vigente. Isto pode ser verificada a partir de uma análise da assim considerada primeira proposição filosófica.
Se dermos crédito a Nietzsche, a primeira proposição filosófica foi aquela enunciada por Tales, a saber, que a água é o princípio de todas as coisas [Aristóteles. Metafísica, I, 3].
Cabe perguntar o que haveria de filosófico na proposição de Tales. Muitos ensaiaram uma resposta a esta questão. Hegel, por exemplo, afirma: "com ela a Filosofia começa, porque através dela chega à consciência de que o um é a essência, o verdadeiro, o único que é em si e para si. Começa aqui um distanciar-se daquilo que é a nossa percepção sensível". Segundo Hegel, o filosófico aqui é o encontro do universal, a água, ou seja, um único como verdadeiro. Nietzsche, por sua vez, afirma:
"a filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matiz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e, enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisália [sic], está contido o pensamento: ‘Tudo é um’. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e no-lo mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego".

Trecho extraído de artigo redigido pelo Prof. Dr. Dilamar José Volpato Dutra [UFSC/CNPq]. Disponível em http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/delamar1.htm