domingo, 18 de abril de 2010

Resumo: Manifesto do Partido Comunista K. Marx e F. Engels

O Manifesto Comunista fez a humanidade caminhar. Não em direção ao paraíso, mas na busca da solução de problemas como a miséria e a exploração do trabalho. Rumo à concretização do princípio, que diz todos os homens são iguais. E sublinhando a novidade que afirmava que os pobres, os pequenos, os explorados também podem ser sujeitos de suas vidas. Por isso é um documento histórico, testemunho da rebeldia dos seres humanos. Seu texto, racional, em diversas passagens é irônico, mal esconde essa origem comum com homens e mulheres de outros tempos: o fogo que acendeu a paixão da Liga dos Comunistas, reunida em Londres no ano de 1847, não foi diferente do que incendiou corações e mentes na luta contra a escravidão clássica, contra a servidão medieval, contra o obscurantismo religioso e contra todas as formas de opressão. A Liga dos Comunistas encomendou a Marx e a Engels a elaboração de um texto que tornasse claros os objetivos dela e sua maneira de ver o mundo. Portanto, o Manifesto Comunista é um conjunto afirmativo de idéias, de verdades, em que os revolucionários da época acreditavam, por conterem, segundo eles, elementos científicos um tanto economicistas para a compreensão das transformações sociais. O Manifesto tem uma estrutura simples: uma breve introdução, três capítulos e uma rápida conclusão. A introdução fala com um certo orgulho, do medo que o comunismo causa nos conservadores. O fantasma do comunismo assusta os poderosos e une, em uma aliança, todas as potências da época. É a velha satanização do adversário. Mas o texto mostra o lado positivo disso: o reconhecimento da força do comunismo. Se assusta tanto, é porque tem alguma presença. Daí a necessidade de expor o modo comunista de ver o mundo e explicar suas finalidades, tão deturpadas por aqueles que não o queriam. A parte I, denominada Burgueses e Proletários, faz um resumo da história da humanidade até os dias de então, quando duas classes sociais antagônicas dominam o cenário. A grande contribuição deste capítulo talvez seja a descrição das enormes transformações que a burguesia industrial provocava no mundo, representando na história um papel essencialmente revolucionário. Com a sabedoria de quem manejava com destreza instrumentos de análise socioeconômica muito originais na época, Marx e Engels relatam o fenômeno da globalização que a burguesia implementava, globalizando o comércio, a navegação, os meios de comunicação. O Manifesto fala de ontem mas parece dizer de hoje. O desenvolvimento capitalista libera forças produtivas nunca vistas, mais colossais e variadas que todas as gerações passadas em seu conjunto. O poderio do capital que submete o trabalho é anunciado e nos faz pensar no agora do revigoramento neoliberal: nos últimos 40 anos deste século XX, foram produzidos mais objetos do que em toda a produção econômica anterior, desde os primórdios da humanidade. A revolução tecnológica e científica a que assistimos, cujos ícones são os computadores e satélites e cujo poder hegemônico é a burguesia, não passa de continuação daquela descrita no Manifesto , que criou maravilhas maiores que as pirâmides do Egito, que os aquedutos romanos e as catedrais góticas; conduziu expedições maiores que as antigas migrações de povos e cruzadas. Um elogio ao dinamismo da burguesia? Impiedoso com os setores médios da sociedade, já minoritários nas formações sociais mais conhecidas da Europa, o Manifesto chega a ser cruel com os desempregados, os mendigos, os marginalizados, que podem ser arrastada por uma revolução proletária mas, por suas condições de vida, está predisposta a vender-se à reação. A relação relativa do papel dos comunistas junto ao proletariado é o aspecto mais interessante da parte II, intitulada Proletários e Comunistas. Depois de quase um século de dogmatismos, partidos únicos e de vanguarda, portadores de verdade inteira, é saudável ler que os comunistas não formam um partido à parte, oposto a outros partidos operários, e não têm interesses que os separemdo proletariado em geral. Embora, sem qualquer humildade, o Manifesto atribua aos comunistas mais decisão, avanço, lucidez e liderança do que às outras frações que buscam representar o proletariado, seus objetivos são tidos como comuns: a organização dos proletários para a conquista do poder político e a destruição da supremacia burguesa. O fantasma do comunismo assombrava a Europa e o livro procura contestar, nessa parte, todos os estigmas que as classes poderosas e influentes jogavam sobre ele. A resposta do Manifesto: Os comunistas querem acabar com toda a propriedade, inclusive a pessoal !. Marx e Engels responderam que queriam abolir a propriedade burguesa, capitalista. Para os socialistas, a apropriação pessoal dos frutos do trabalho e aqueles bens indispensáveis à vida humana eram intocáveis. Ao que se sabe, roupas, calçados, moradia não são geradores de lucros para quem os possui... O Manifesto a esse respeito, foi definitivo. O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de sua parte dos produtos sociais, tira apenas o poder de escravizar o trabalho de outrem por meio dessa apropriação. Na sociedade capitalista a educação é, ela própria, um comércio, uma atividade lucrativa... Os comunistas querem socializar as mulheres ! Para o burguês, sua mulher nada mais é que um instrumento de produção. Ouvindo dizer que os instrumento de produção serão postos em comum, ele conclui naturalmente que haverá comunidade de mulheres. O burguês não desconfia que se trata precisamente de dar à mulher outro papel que o de simples instrumento de produção.

O Homem de Prometeu

O nascimento do homem

"Céu e terra estavam criados. Entre as margens da terra, o mar debatia-se em ondas; dentro dele brincavam os peixes; os pássaros esvoaçavam, gorjeando; a terra estava repleta de animais. Mas não havia ainda nenhuma criatura onde o espírito pudesse alojar-se e de onde pudesse dominar o mundo terrestre. Prometeu: então chegou à terra. Descendia da antiga geração de deuses que tinha sido destronado por Zeus. Era filho de Jápeto, filho de Urano e da Terra, e sabia que, no seio da terra, dormia a semente dos céus. Por isso apanhou argila, molhou-a com a água de um rio, amassou-a e com ela formou uma imagem à semelhança dos deuses, senhores do mundo. Para dar vida ao boneco de argila, tomou emprestado às almas dos animais, características boas e más e colocou-as no peito do ser humano. Pediu a Atena (Deusa da Sabedoria) que lhe desse alma, esta admirada com a obra do filho dos Titãs insuflou naquela imagem semi-animada o espírito, o sopro divino.

Foi assim que surgiram os primeiros seres humanos, que logo povoaram a terra. Mas por muito tempo eles não souberam fazer uso de seus membros, nem da centelha divina que tinham recebido. Embora fossem capazes de enxergar, nada viam; ainda que escutassem, nada sabiam ouvir. Vagavam como vultos de sonhos, e não sabiam utilizar-se da criação. Não conheciam a arte de desenterrar pedras e cortá-las; de fazer tijolos de terra queimada; de fazer tábuas de madeira retirada das florestas, para construir casas. Rastejavam como formigas em cavernas, que a luz do sol não iluminava, sem saber se era inverno, primavera ou verão. Tudo faziam sem plano algum.

Prometeu, então, aproximou-se de suas criaturas. Ensinou-as a observar as estrelas que nascem e se põem; descobriu a arte de contar; descobriu a escrita; ensinou-as a subjugar os animais e a usá-los como ajudantes em seu trabalho; habituou os cavalos às rédeas e às carroças; inventou barcos e velas para a navegação. E ensinou a humanidade a enfrentar todas as circunstâncias da vida. Antes, não se conheciam medicamentos contra as doenças, nem pomadas para aliviar as dores, nem alimentos nutritivos. Por falta de remédios, os doentes morriam, miseravelmente. Por isso Prometeu ensinou aos homens a preparar remédios suaves para curar as doenças.

Ensinou-lhes depois a arte da profecia, interpretando para eles sinais e sonhos. Dirigiu-lhes a visão para as profundezas da terra, fazendo com que ali descobrisse o cobre e o ferro, o ouro e a prata. Ensinou-lhes também, todas as artes que tornavam a vida mais cômoda"

As Mais Belas Histórias da Antigüidade Clássica. Schwab, Gustav (1994).

sexta-feira, 2 de abril de 2010